Crítica | Um Príncipe em Nova York 2 “Respeita sua própria história”

Continuação do clássico se mantém hilária, mas se adapta à realidade de hoje

Lucas Gutierrez
Lucas Gutierrez
Canto umas musiquinhas, escrevo umas estórias e faço pipocas pro meu amor. Apaixonado por todas as formas de arte.
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Na década de 80, Eddie Murphy em seu auge assinou um contrato exclusivo com a Paramount, pelo qual lançou grandes clássicos aclamados até hoje. Entre eles estava Um Príncipe em Nova York (1988), o primeiro filme em que Murphy interpretou múltiplos personagens.  Nesse filme conhecemos a história do Príncipe Akeem (Eddie Murphy), herdeiro do trono de Zamunda, um rico país africano.

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No primeiro filme, ele se revolta contra as tradições seculares de seu país e, para não se submeter a um casamento arranjado, vai junto de seu ajudante Semmi (Arsenio Hall) aos Estados Unidos em busca de um amor verdadeiro para ser sua futura rainha. O príncipe se apaixona por Lisa (Shari Headley) e, por fim, convence seu pai, o Rei Joffer (James Earl Jones), de mudar o status quo.

Deve-se levar em conta que o primeiro filme foi feito em um outro tempo, logo, seria anacronismo julgá-lo como sexista ou sequer preconceituoso por ser uma obra de seu próprio tempo – sendo, aliás, extremamente importante lembrar que foi um dos primeiros grande filmes a serem feitos por um elenco quase inteiro só de pessoas negras. Um Príncipe em Nova York 2 preserva toda a essência de seu antecessor, no entanto, faz uma reparação aos tempos atuais.  A continuação vem após 33 anos de seu lançamento original. 

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O filme não possui nenhuma qualidade técnica excepcional, mas seu verdadeiro brilho está na forma como seu roteiro foi escrito e no trabalho dos atores. O diretor conduz a história de forma tradicional, passo a passo, já que a história discute o dilema de quando alguém se torna aquilo que jurava não ser. 

A premissa do filme é a de que o personagem de Murphy descobre que teve um filho durante a sua primeira viagem a Nova York. Akeem decide retornar aos Estados Unidos mais uma vez junto com Semmi, mas para encontrar o filho bastardo com o intuito de manter o trono em sua família – já que as leis de seu país só permitem hereditariedade do reinado ao primogênito masculino. O longa retoma personagens que já conhecemos no primeiro filme – os hilários barbeiros reaparecem e as cenas são hilárias por conta da química e interpretação da dupla, rendendo excelentes piadas.

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Aqui, a parceria de Murphy está mais focada com o papel de seu filho Lavell, interpretado por Jermaine Fowler. Como Akeem, Eddie tem uma atuação mais neutra porque o personagem pede por uma serenidade, mas ele consegue ser hilário quando quer e sabe usar isso quando faz os outros no filme. Infelizmente, a participação de Arsenio Hall como Semmi parece reduzida nessa continuação, mas sua atuação em todos os outros personagens é impressionante quando paramos para pensar na quantidade de perfis que ele é capaz de interpretar.

Um Principe Em Nova York 2
Crítica | Um Príncipe Em Nova York 2 "Respeita Sua Própria História" 1

Talvez a grande questão negativa do filme seja exatamente a falta de interação entre Akeem e Semmi, que foi o que nos fez apaixonar pela prequela. Isso fica mais forte porque a química de Murphy com Fowler não chega nem perto da que tem com Hall. Os melhores momentos do filme são quando a icônica dupla contracena junta – eu assistiria um longa inteiro só dos barbeiros, de verdade… vamos considerar fazer um abaixo assinado por esse filme (#FicaDicaAmazon).

A grande surpresa do filme é a atuação de Wesley Snipes como o General Izzi. O cara é tão bom e engraçado que faz com que a gente consiga gostar de um ditador – ainda que ele seja o antagonista da história, desde a sua primeira aparição, o cara te faz rir o filme inteiro. Créditos ao roteirista que escreveu as piadas certas e ao diretor que guiam o tom no qual o personagem deve ter. 

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A grande reparação do filme aos tempos atuais já era um pouco previsível desde o seu inicio, mas ela está no desfecho da história. Zamunda entra no Século XXI da forma correta, ainda que com um certo atraso. É muito bonita a celebração da cultura africana, presente desde o filme anterior, mas sem querer se utilizar desse recurso como qualquer tipo de militância. A escolha gera uma leveza que é necessária ao longa, especialmente por ser uma comédia popular e feita para todos os públicos.      

O filme vem ao mundo de forma injusta, com a gigantesca pressão de fazer jus ao anterior, que é um clássico da cultura pop. No entanto, ele não pretende ter o mesmo impacto que causou no final dos anos 80, por isso não pode ser julgado de tal forma. Dentro dessa perspectiva, o longa é garantia de divertimento ao grande público, sendo verdadeiramente um filme para toda a família assistir e se deleitar com Eddie Murphy e Arsenio Hall.

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O longa não possui pretensões de discutir grandes questões sociais, mas inevitavelmente acaba por se utilizar das discussões em voga na contemporaneidade, fazendo-o de forma descontraída e acertada.

Felizmente, Um Príncipe em Nova York 2 faz o que muitas retomadas de clássicos não fizeram: ele respeita a sua própria história, mas não se leva a sério – e, afinal, o que é a boa comédia senão também saber rir de si mesmo?

Um Príncipe em Nova York 2 está disponível na Amazon Prime Video.

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