Fire and Fury (Fogo e Fúria) é um livro que traz entrevistas com dezenas de pessoas que acompanharam de perto o cenário eleitoral e o primeiro ano da presidência de Donald Trump. O autor é um conhecido jornalista de celebridades de Nova York, Michael Wolff.
A procura pelo livro está sendo grande, em algumas horas antes de ser colocado à venda já havia filas nas livrarias nos Estados Unidos. Já os clientes que encomendaram o livro pela plataforma Amazon receberam uma mensagem via e-mail onde são avisados de que a entrega será atrasada, “devida a uma procura acima do esperado”.
A história do livro causou alvoroço no governo com a quantidade de informações inéditas, e desabonadoras, sobre Trump e família. Em resumo, a imagem de Trump apresentada é de alguém volátil, despreparado e até “louco” — em uma das passagens divulgadas previamente no jornal The Guardian, Wolff afirma que o presidente é viciado em sanduíches do McDonalds porque sabe que tem menor chance de ser envenenado pela comida.
A polêmica foi tamanha que Wolff precisou adiantar o lançamento da obra para sexta-feira (05/01), com medo de que Trump entrasse na justiça para tentar barrar a chegada do livro às lojas.
Confira abaixo alguns assuntos que o livro apresenta:
Donald Trump e a equipe não esperavam ganhar a eleição presidencial
O plano inicial seria o de potenciar a presença televisiva do milionário e estrela do programa The Apprentice, mas uma vitória política era vista por todos como altamente improvável.
“Pouco depois das 8h00 da noite na noite eleitoral, quando a tendência inesperada de que Trump poderia vencer parecia confirmar-se, Don Jr. disse a um amigo que o seu pai — ou DJT, como chama — parecia ter visto um fantasma. Melania chorava e não eram lágrimas de alegria.”
O dia da tomada de posse foi um dia infeliz para o Presidente
Segundo Wolff, Trump passou o dia da tomada de posse chateado, o que era visível na sua linguagem física. As razões para isso eram várias, como é descrito no livro.
“Trump não se divertiu na sua tomada de posse. Estava chateado porque as grandes estrelas faltaram ao evento, incomodado com os aposentos na Blair House e tinha discutido às claras com a sua mulher, que parecia estar à beira das lágrimas. ”
Ivanka Trump quer ser a primeira mulher Presidente
A filha do Presidente, Ivanka, e o seu marido (Jared Kushner) parecem ser aquilo que em Washington se chama um verdadeiro ‘power couple’. “Fire and Fury” dá conta também de que o Presidente queria nomear o genro para o cargo de chefe de gabinete, mas foi avisado pela comentadora republicana Ann Coulter de que não poderia “nomear os filhos”.
“Foi uma decisão a meias do casal e, de certa forma, um trabalho a meias. Entre eles, tinham feito um acordo honesto: se surgisse a oportunidade no futuro, ela iria se candidatar ao cargo de Presidente. A primeira mulher presidente, admitia Ivanka, poderia não ser Hillary Clinton; seria Ivanka Trump.”
O casamento de Trump está em mau estado
O livro também aborda questões mais pessoais do Presidente. Uma delas é o estado do seu casamento com Melania Trump, revelando que mesmo antes da chegada à presidência já “passavam pouco tempo juntos”, podendo passar dias inteiros sem se ver.
“[Trump] retirou-se para o seu próprio quarto — é a primeira vez desde os Kennedys que um casal presidencial dorme em quartos separados na Casa Branca. ”
Um cheeseburger todas as noites
Wolff também teve oportunidade de conhecer os hábitos e rotinas do Presidente. Trump fez questão de ter um cadeado na porta do seu quarto, indo contra as ordens dos Serviços Secretos, e deu reprimendas aos empregados por apanharem as camisas que deixava no chão do quarto — “se está no chão é porque a quero no chão”, terá dito. Durante os primeiros meses, o jantar era quase sempre ou com Bannon ou a sós.
“Quando não jantava pelas 18h30 com Steve Bannon, a essa hora — e era mais do seu agrado — estava na cama com um cheeseburger, vendo os seus três ecrãs de televisão e a fazendo telefonemas. ”
O que Trump diz dos que o rodeiam
De acordo com Wolff, Trump já chamou o genro Kushner de “graxista”, o antigo porta-voz Sean Spicer de “estúpido” e à conselheira Kellyanne Connway de “chorona”. Já a antiga procuradora-geral Sally Yates, que tinha sido nomeada por Barack Obama, era descrita como “uma c****”.
“Trump, que na maior parte do tempo parecia tratar Hicks de forma protetora e até paternalista, olhou para cima e disse-lhe: ‘Porquê? Já fizeste que chegue por ele. És o melhor rabo de saias que ele alguma vez teve e terá’.”
Fonte: Observador.pt