Na noite de terça-feira (18) a Academia de Cinema Brasileira divulgou os vencedores do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. Em uma cerimônia de homenagens esplêndidas e atos políticos em prol do movimento #EleNão, foi possível perceber, além da preocupação dos artistas com o futuro do cenário cultural, o amadurecimento da produção nacional, principalmente na categoria “Longa-metragem animação” que contou com um aumento expressivo de inscritos.
“Bingo – o rei das manhãs” levou oito troféus Grande Otelo, entre eles o de “Longa-metragem ficção”, “Melhor Ator” (Vladimir Brichta) e “Melhor Direção de Arte”. O longa, dirigido por Daniel Rezende e livremente inspirado na carreira de Arlindo Barreto, o famoso palhaço Bozo, fez jus ao favoritismo, misturando humor e drama em cenários extraordinários que retratam a realidade brasileira dos anos 80. Além disso, a harmonia impecável entre figurinos e paleta de cores que incentivam o teor melodramático da obra. “Como nossos pais”, de Laís Bodanzky, “A Glória e a Graça”, de Flávio Tambellini, e “Divinas divas”, de Leandra Leal, também receberam destaque.
Foto: Mariana Barboza do evento Grande Prêmio do Cinema Brasileiro.
Vladimir Brichta brincou com o “Oscar” — premiação de cinema estadunidense, afirmando o valor do cinema nacional e intensificou as manifestações políticas contra o candidato à presidência pelo PSL Jair Bolsonaro.
— Bingo, sim. Bozo, sim. “Bozonaro”, não — esbravejou o ator brasileiro.
Maria Ribeiro, vencedora da categoria de “Melhor Atriz” pela atuação em “Como nossos pais” e conhecida por exaltar o feminismo em suas redes sociais, enalteceu as mulheres em seu discurso.
Os cineastas Roberto Faria e Nelson Pereira dos Santos, mortos este ano, foram relembrados; porém, o maior e mais comovente tributo foi para a atriz Fernanda Montenegro, que completa 75 anos de carreira. Após o impacto nostálgico que a exibição da cena final de “Central do Brasil” causou, o ator Vinícius de Oliveira declarou um poema de Bráulio Bessa, emocionando os convidados. Ao subir no palco, Fernanda Montenegro (a grande homenageada da noite) lembrou da trajetória de Vinícius e sua relação com o diretor Walter Salles. No entanto, a cena mais marcante se faz quando o diretor Luiz Carlos Barreto se ajoelha aos pés da homenageada, que em seguida também se ajoelhou.
—Nós somos matéria prima, os diretores que nos dão vida — declarou Fernanda ao citar todos os diretores que “acreditaram que ela valeria a pena”.
Apesar das melhorias desta edição, ainda falta o apelo mercadológico para propagação da indústria cinematográfica nacional, que por vezes se mostra excludente e desconhecida por grande parte da população, não estimulando, assim, a própria cultura brasileira.
Veja a lista completa dos ganhadores:
- Longa-metragem de Ficção: “Bingo – O rei das manhãs”
- Longa-metragem Documentário: “Divinas divas”
- Longa-metragem Comédia: “Divórcio”
- Longa-metragem Animação: “Historietas assombradas – O filme”
- Longa-metragem Infantil: “Detetives do Prédio Azul”
- Direção: Laís Bodanzky (“Como nossos pais”)
- Atriz: Maria Ribeiro (“Como nossos pais”)
- Ator: Vladimir Brichta (“Bingo – O rei das manhãs”)
- Atriz Coadjuvante: Sandra Corveloni (“A Glória e a Graça”)
- Ator Coadjuvante: Augusto Madeira (“Bingo – O Rei das manhãs”)
- Direção de Fotografia: Lula Carvalho (“Bingo – O Rei das manhãs”)
- Roteiro Original: Mikael de Albuquerque e Lusa Silvestre (“A Glória e a Graça”)
- Roteiro Adaptado: Mikael de Albuquerque (“Real – O plano por trás da História”)
- Direção de Arte: Cássio Amarante (“Bingo – O Rei das manhãs”)
- Figurino: Verônica Julian (“Bingo – O Rei das manhãs”)
- Maquiagem: Anna Van Steen (“Bingo – O Rei das manhãs”)
- Efeitos Visuais: Ricardo Bardal (“Malasartes e o duelo com a morte”)
- Montagem Ficção: Márcio Hashimoto (“Bingo – O Rei das manhãs”)
- Montagem Documentário: Natara Ney (“Divinas divas”)
- Som: George Saldanha, François Wolf e Armando Torres Jr (“João, o maestro”)
- Trilha Sonora Original: Plínio Profeta (“O filme da minha vida”)
- Trilha Sonora: Mauro Lima, Fael Mondego e Fábio Mondego (“João, o maestro”)
- Longa-metragem Estrangeiro:“Uma mulher fantástica”
- Curta-metragem de Animação:“Vênus-filó, a fadinha lésbica”
- Curta-metragem Documentário:“Ocupação do Hotel Cambridge”
- Melhor Curta-metragem Ficção: “A passagem do cometa”
- Voto Popular – Longa Brasileiro:“Bingo – O Rei das manhãs”
- Voto Popular – Longa Estrangeiro: “La La Land: cantando estações”
- Voto Popular – Longa Documentário: “Cora Coralina”