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Resenha | A Caçadora de Dragões

Primeiro volume de uma trilogia fantástica em que dragões e humanos estão em guerra; e cabe a uma garota matar todos eles.

Mylla Martins de Lima
Mylla Martins de Lima
Estudante de Design de Animação, tatuadora, admiradora de todas as artes. Jogadora de LoL e leitora assídua.
6 Min Ler
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A Caçadora de Dragões, uma incrível fantasia literária, foi escrita por Kristen Cicarelli e publicada em 2018 pela editora Companhia das Letras através do selo SEGUINTE.

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Resultado De Imagem Para A Caçadora De Dragoes

A protagonista dessa história é Asha, filha do rei e caçadora de dragões, uma iskari. Esse título lhe foi dado, pois, antes da morte de sua mãe, a menina tinha muitos pesadelos e a mesma lhe contava histórias proibidas que, segundo a lenda, atraia dragões que envenenavam quem as tivesse proclamando. Apesar desse mal, era essa a única forma de acalmar a pequena Asha.

Em um dia que a menina recitou uma das lendas em voz alta, Asha invocou Kozu, o primeiro dragão, que invadiu a cidade e incendiou todo o reino, inclusive a própria garota, que saiu do acidente viva mas com marcas pelo corpo e pela alma. Asha acabou carregando cicatrizes pelo corpo inteiro, lembrando ao reino que as histórias jamais devem ser entoadas.

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“Havia uma garota que se sentia atraída por coisas amaldiçoadas, como histórias antigas e proibidas. Não importava se elas tinham matado sua mãe. Não importava se haviam matado muitos outros antes dela. A garota deixou que tomassem conta dela. Deixou que consumissem seu coração e a amaldiçoassem também”

Agora, já uma jovem mulher, sua missão era encontrar Kozu, como prometeu ao seu pai, e vingar seu povo. Entretanto, durante a busca pelo inimigo, algumas descobertas em cima de dúvidas que não se encaixam tomam o lugar do primeiro objetivo, e é assim que seus interesses sofrem uma reviravolta incrível!

O universo do romance é escravocrata, onde skralls não podem olhar, tampouco tocar nos draksors, que são seus donos. Mas nem sempre foi assim, já que tudo começou a desandar após as mudanças políticas e religiosas do reino, onde todos pararam de crer no Antigo e as histórias foram proibidas. Além desses dois povos existem os nativos. Eles discordam dos novos costumes mas tentam reatar os laços com o rei.

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“Precisamos sofrer grandes dores para nos fortalecer contra a maldade”

Aparentemente o livro não revela a atmosfera sombrio que possui. A capa infanto-juvenil e a fantasia com criaturas mágicas escondem o quão bruto pode ser os conflitos da jornada da protagonista. As batalhas sanguinárias, tortura, machismo de um sistema opressor são lidos durante todo o livro. Temas políticos encaixados em um mundo fantástico são entregues sem corte pela autora.

”Ela deixou que os outros a definissem porque achava que não tinha escolha. Porque achava que estava sozinha, que não era amada”

Durante a leitura, histórias do Antigo e as lendas proibidas são intercaladas com as aventuras dos personagens, explicando assim os acontecimentos do presente e relacionando-os com os problemas de rivalidade do passado. É mágica a forma como Kristen consegue fazer isso sem que canse seus leitores, ao estender demais o número de páginas, ou sem que tudo vire uma grande confusão. A grande criação da autora conta com mitologia, formação social e uma religião própria…tudo isso sem furo e de maneira atraente e reflexiva. É uma leitura divertida ao mesmo tempo que é angustiante, o que se espera de uma trilogia excepcional.

O ponto mais forte do livro é, com certeza, a construção da personagem principal. Asha é uma princesa guerreira temida por todos de seu reino, mas, ainda que sagaz e destemida, o lado sensível é exposto em muitos momentos, como o drama de suas cicatrizes em frente ao espelho. A presença feminina forte, mas humana, traz proximidade às leitoras, que se inspiram enquanto também se reconhecem.

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”Comecei a escrever este livro aos dezessete anos. Na época eu estava apaixonada por garotas como Mulan, Erwyn, Xena e a Princesa Mononoke. Queria desesperadamente histórias em que garotas usassem armas, fossem à guerra e demonstrassem valentia. Ainda não sabia, mas o que eu procurava eram mulheres rompendo um paradigma cultural que ditava quem e o que deviam ser. Estava cansada das narrativas em que as garotas eram retratadas como mais fracas, sempre vítimas. Eu não me via daquela maneira, tampouco as mulheres à minha volta”

AGRADECIMENTOS DE KRISTEN CICCARELLI

Apesar do romance, já contextualizado desde o primeiro capítulo do livro, A Caçadora de Dragões tem muito mais a oferecer. É uma história focada no poder feminino, com batalhas épicas, criaturas místicas e lendas emocionantes… Não tem como não se apaixonar e implorar pelo próximo livro.

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Estudante de Design de Animação, tatuadora, admiradora de todas as artes. Jogadora de LoL e leitora assídua.