Areia Movediça é um premiado livro escrito pela sueca Malin Persson Giolito e publicado aqui no Brasil pela editora Intrínseca em maio de 2019.
A história começa com Maja, a personagem principal, na primeira semana de seu julgamento na Suécia. A popular jovem é acusada de organizar e executar uma chacina em sala de aula junto ao seu ex-namorado, terminando na morte do próprio e sua melhor amiga, além do restante de seus colegas de classe.
Após nove meses encarcerada, Maja tem a chance de se defender e contar sua versão sobre o que aconteceu no dia do assassinato em massa para todos presentes no tribunal.
“Não consigo ver os jornalistas, mas sua empolgação com essa nova história aumentou em vários graus a temperatura no tribunal. Eles estão ansiosos para relatar isso, e já esqueceram de que há pouco estavam contando uma história completamente diferente. Agora, eles permitirão que seus leitores e espectadores conheçam de verdade o homem mais rico da Suécia.”
Os primeiros capítulos são passados inteiramente dentro do tribunal enquanto a ré narra ao leitor-espectador os acontecimentos entrelaçados com algumas memórias fragmentadas, deixando o texto com uma pitada de curiosidade ou, em alguns casos menos felizes, um tanto arrastado.
Durante a leitura, alguns flashbacks tiram a monotonia de cena e empolga quem está lendo, que pede por mais. Maja, personagem até então cheia de segredos, vai se revelando enquanto abre mais interrogações que serão decifradas apenas nos últimos capítulos da trama.
O livro inteiro é carregado de temáticas jovens, o que aproxima o público adolescente, mas sem deixar os adultos na mão pois não tem características “teen”. As referências são pesadas, apesar de tratar-se sobre a vida de meninos prestes a terminar o ensino médio, utilizando relatos de abusos, drogas, depressão, xenofobia e racismo de forma clara e bem detalhada.
“As pessoas dizem que todo ser humano tem o mesmo valor. Você diz isso porque é educado, mas não é verdade. Todo mundo sabe que as pessoas têm valores diferentes. […] É por isso que a notícia chega à primeira página (com fotos) quando uma mulher saudável, jovem e bonita com uma carreira bem-sucedida morre em uma avalanche, mas quando um aposentado divorciado, sem filhos e com incontinência urinária é roubado e assassinado entre o metrô e sua casa, há apenas um parágrafo ao lado de anúncios de filmes e cirurgias de implante de silicone. É por isso que todos os artigos sobre o “Massacre de Djursholm” contêm ao menos uma foto de Amanda, enquanto as fotos de Dennis aparecem com uma frequência muito menor. “
Toda a narrativa foi muito bem escrita – apesar de alguns erros de digitação – principalmente na parte técnica, já que a autora é também advogada. Ela trabalhou para o maior escritório de advocacia da região nórdica.
Este livro é recomendado aos que buscam uma leitura sem compromisso. Quem gosta do trágico e de mentes levemente psicopatas.